segunda-feira, 27 de junho de 2011

Movimento rockabilly ainda resiste na região do ABC

Diário do Grande ABC - segunda-feira, 20 de junho de 2011 7:23


Movimento rockabilly ainda resiste na região
Luciane Mediato
Especial para o Diário


Quem já esbarrou em um topetudo de costeletas ou em uma pin-up pode ter tido a sensação de voltar no tempo. Eles são adeptos da música e do estilo de vida rockabilly. Ou rocker. O ritmo tornou-se conhecido nos anos 1950. Durante a década, foi impulsionado por batidas atrativas e guitarras e contrabaixos acústicos tocados pela técnica slap-back (em que se ‘bate' nas cordas).


No Brasil, o rockabilly surgiu já em clima de revival, com o pioneiro Eddy Teddy e sua banda Coke Luxe, nos anos 1980. A partir daí, especialmente após o show do Stray Cats em São Paulo, na mesma década, formaram-se vários grupos rockers. Na região foram criadas as bandas Rebeldes, Ases do Rock'n Roll, Ready Teds e Lady Cat & Seus Felinos Casanova. 

Vocalista do Ready Teds, Danilo Ribeiro conta que o interesse pelo estilo surgiu na adolescência. "Quando tinha 14 anos comecei a pesquisar a origem das bandas que me inspiravam. Assim conheci artistas como Buddy Holly, Eddie Cochran e Gene Vincent. Depois incorporei o visual, com jaqueta de couro e costeleta".

Bandas atuais de rockabilly usam componentes característicos da época: penteado, roupas retrô, o slap do contrabaixo e o finger-pickin na guitarra. Tudo acompanhado pelos fãs.

Para quem quiser conferir essas performances e conhecer lugares na região onde o rockabilly tem espaço, é possível encontrar algumas opções como o Retrô Pub, em São Bernardo; o American Graffiti, em Mauá; o The Burger Map e o Aero Lanches, em Santo André; e o Cidadão do Mundo, em São Caetano. Vale lembrar que o Ready Teds se apresenta todo segundo fim de semana de cada mês no encontro de carros antigos da Fundação Santo André.

MÚSICA E ACESSÓRIOS
"O que me atrai a reviver o passado é a inocência. A sociedade tinha um modo de viver mais simples. Basta ouvir a música 'My Love', de Johnny Ace, que qualquer um pode entender esse período", diz Ribeiro.

Já para a vocalista da Lady Cat, Larissa Montagner, o interesse surgiu naturalmente. "Sempre gostei de rock. Ouvia punk, hardcore e depois passei para o ska e swing. Daí para o rockabilly foi um pulo. Fui conhecendo bandas e descobrindo o movimento no Brasil. Hoje tenho meu grupo e loja retrô. Vivo no estilo old school."

O andreense Alexandre Angelo lembra que essa paixão vem da infância. "Um dia meu tio alugou um filme que contava a história de um jovem da década de 1950, 'Christine' (1983). Fiquei vidrado nas músicas da trilha e em tudo que era antigo. Quando ouvi 'I Wonder Why', de Dion and The Belmonts, disse a mim mesmo: ‘tenho que ter esse filme em casa'. Acabei comprando da locadora. Tinha uns 10 anos. Depois disso, não podia ver um carro velho na rua que chamava minha mãe para ver."

Os longas-metragens também inspiraram a pin-up Priscila Ferrari, que teve o primeiro contato com o gênero no clássico 'Grease - Nos Tempos da Brilhantina' (1978). "Depois desse filme passei a me interessar pela estética das lanchonetes da época. A partir da pesquisa, conheci melhor o rockabilly. Há quatro anos o visual foi adotado, a princípio com pequenos detalhes, como lenços, cabelo mais ondulado (à Marilyn Monroe) e maquiagem no estilo (batom vermelho e delineador definido). Atualmente uso vestidos marcados e rodados e saias de cintura alta." 

Mais que culto nostálgico, o estilo rocker se tornou modo de vida diário e dinâmico. Ser rockabilly é sentir a música e ter certeza de que não é algo passageiro. É trazer para o dia a dia a diversão e a ousadia de 1950, ter atitudes diferentes do padrão vendido pela cultura atual. Afinal ser igual e ter padrões é chato.
Ícones sobrevivem aos anos

Embora o marco do rockabilly esteja nos anos 1950, quando Bill Haley começou a misturar jump blues com electric country, pode-se dizer que o gênero é cria da música country da década anterior, com artistas como Tennessee Ernie Ford (Smokey Mountain Boogie), Hank Williams (Rootie Tootie) e Merle Travis (Sixteen Tons).

'Rock Around The Clock', sucesso de Bill Haley em 1954, foi o ponto de partida do estilo, e catapultou as carreiras de diversos artistas do rockabilly. No mesmo ano, entretanto, um cantor chamado Elvis Presley iniciou a verdadeira popularização do gênero com uma série de gravações lançadas pela Sun Records.

Outra estrela do rock country foi Johnny Cash, cantor e compositor norte-americano, conhecido por seus fãs como "O Homem de Preto". Em uma carreira que durou quase cinco décadas, ele foi para muitos a personificação do ritmo. Sua voz sepulcral e o distintivo som "boom chicka boom" de sua banda de apoio 'Tennessee Two' são algumas de suas marcas registradas.

Além dos cantores, um ícone da cultura e do estilo rockabilly é a pin-up Bettie Page, chamada de ‘Rainha das Pin-ups'. Seu visual, identificado principalmente pelos cabelos pretos lustrosos e a franjinha, influenciaram dezenas de artistas. Page foi também uma das primeiras Playmates da Playboy'. Saiu na edição de janeiro de 1955. A musa do cinema Marilyn Monroe também deixou registrada a sua marca de sensualidade.

Atualmente, a maior representante dessa estética é a artista burlesca norte-americana Dita Von Teese. Fetichista assumida, ela é responsável pela tradução de toda influência dessa época para a contemporaneidade.
Filhos do rock and roll

O psychobilly é um gênero musical geralmente descrito como a mistura entre o punk do fim dos anos 1970 e o rockabilly dos anos 1950. É também caracterizado pelas referências a filmes de terror e assuntos como violência e sexualidade.

A precursora do ritmo na América Latina é a Kães-Vadius, banda de São Caetano. O grupo existe há 24 anos e é formado Hulkabilly (voz), Arroz From Hell (guitarra), Felipe INRI (baixo) e Fábio Koveiro (bateria). 

"A gente começou na época em que estava tendo uma releitura de vários gêneros como jazz e blues, mas o rockabilly não estava sendo mudado ainda. E queríamos fazer uma versão do rock sem ser Jovem Guarda e cantar em português. Usamos como referências os nossos gostos por filmes de terror e pelos músicos que a gente gostava, como Alice Cooper, e Pink Floyd. Acredito que quando começamos, em 1980, a juventude se engajava mais e discutia melhor a situação", comenta Hulkabilly.

O termo psychobilly foi usado pela primeira vez por Johnny Cash em sua canção 'One Piece at Time', sucesso de 1976. Passaria a definir o gênero alguns anos depois, quando o The Cramps descreveu sua música como ‘psychobilly' e ‘voodoo rockabilly' nos pôsteres de seus shows. Embora o Cramps tenha rejeitado a ideia de ser parte do cenário psychobilly, são eles, juntamente com Screamin' Jay Hawkins, The Stray Cats e Motörhead, os considerados precursores do gênero.

2 comments:

SkiZoydS disse...

No ultimo paragrafo: "Motörhead é considerado um dos precursores do Psychobilly!!!" EHEHEHEH....Curti a Matéria

Anônimo disse...

Olá aos seguidores do Rock. Sou além de um admirador do Rock Roll um leitor das reportagens da Luciane..... A qual tem um genero único de explanar com muita alma todo e qualquer assunto...
Porem pasmem, hoje ela esta sem veiculo para poder expor as suas reportagens...e poder
enriquecer a todos que curtem uma boa leitura seja de show de apresentações musicais...
Enfim peço a todos quer curtem as suas reportagens deem um força a ela para que volte aos meios de comunicação.

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